quinta-feira, julho 31, 2008

depois da noite

Entra a madrugada
Madrugada a dentro
Entra a noite pela janela
Escurece o ar
Que ouço batendo
Na janela
A madrugada adentro
Engole o mundo
A madrugada é o
Útero pulsante
Da vida
Posso respirar seu pequenos
Barulhos
O cheiro da noite
Arrepia meus pelos
Pentelhos cabelos
Molhados de suor
Da noite
Desejo ouvir uma chuva
Contra a janela
Gritando rugindo
Mas a madrugada de hoje
É seca é calma
e inerte

Bárbara Nunes (2008)

quinta-feira, julho 10, 2008

EPIGRAMA N.o 9

O vento voa,
a noite toda se atordoa,
a folha cai.

Haverá mesmo algum pensamento
sobre essa noite? sobre esse vento?
sobre essa folha que se vai?

Cecília Meireles
in: FLOR RE POEMAS - Ed. Nova Franteira - Pg. 68