Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.
Carlos Drummond Andrade
2 comentários:
Oi Linda. Sou de Luanda, Angola e gostei do teu blog. Gostaria que fossemos trocando visitas e quem sabe daqui cresça uma amizade. Valeu esse poema de CDAndrade e deixa de te sentirer velha nesses teus 25 anos.
Bárbara!!!
Tem um Maiakovski que adoro, já pensei em tatuar na testa:
Ó delicados,
vós que pousais o amor sobre ternos violinos,
Ou violentos,
que o pousais sobre os metais,
Vós outros não podeis ser como eu:
Virar-vos pelo avesso e ser todo lábios!
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