domingo, setembro 10, 2006

PÁGINA EM BRANCO
COMEÇO
ENTRE LINHAS SE FAZEM
OS VERSOS
OU NÃO
PÁGINA NEM TÃO BRANCA
MEIO AMARELADA
DO LADO
UM BORRÃO
UM RISCO
UM RASGO
A PÁGINA AMARELA
(DEI ESSE NOME A ELA)
SE TRANSFORMA
EM TELA ABANDONADA
DEIXADA AO LADO
DA IDÉIA
A PÁGINA AMARELA
REVELA A ALMA
DE UM CERTO POETA
QUE NÃO EXISTIU
NAQUELE MOMENTO
NÃO EXISTIU
SE FOI
NEM VEIO
A PÁGINA AMARELA
CONFESSA O EMBARAÇO
A MÃO QUE FREIOU
O SOM QUE NÃO SAIU
A PÁGINA AMARELA
ENSAIA
O FRACASSO
DE UM POEMA QUE
DESMAIA
QUE NADA!
A PÁGINA É UM MAR
DE IMPOSSIBILIDADES
EXISTENTES
PRESENTES
E EXIBIDAS
FUNDAMENTALMENTE
EXIBIDAS
COMO O SÃO
NOSSAS MUSAS FALECIDAS
E AS QUE
INFELIZMENTE
AINDA NÃO ESTÃO

Bárbara Nunes (2006)

terça-feira, setembro 05, 2006

Poema sem título de Paulo Leminski

um bom poema
leva anos
cinco jogando bola,
mais cinco estudando sânscrito,
seis carregando pedra,
nove namorando a vizinha,
sete levando porrada,
quatro andando sozinho,
três mudando de cidade,
dez trocando de assunto,
uma eternidade, eu e você,
caminhando junto