domingo, novembro 01, 2009

Rápida despedida

Olá.


O dia chuvoso, o frio e uma terrível dor de cabeça me fizeram começar esta carta. E agora que comecei, vamos até o fim.


Como você tem passado? 

Nao, não responda.

Na verdade realmente não me importa.

Como você tem passado não motivou a carta, ou os pensamentos. ou a dor de cabeça.


Te escrevo simplesmente para dar adeus. 

Adeus por quê?, você poderia bem perguntar. 

Nos sentamos ali outro dia, tomamos um café. Depois outro.

Falamos. Você me trouxe em casa.

Eu agradeci sorrindo. Combinamos de nos ver outra vez qualquer hora.

E eu, de repente,  escrevo dando adeus.


Pois é por isso mesmo.

Enquanto tomávamos o café e quando pedimos outro. E quando nos levantamos e eu me ofereci a carona. E quando nos despedimos apressadamente. Em nenhum desses momentos você notou nada de errado. Nada de estranho. E é por isso mesmo que agora te escrevo essa carta de adeus.


Não há motivo melhor para deixar de falar com alguém do que o siléncio que já exista. Entre nós não há mais palavras. Não há mais supresas. Há apenas eu e você, sentada do outro lado da mesa. Há dois ou quatro cafés tomados ainda quentes. Tomados apressadamente. Há o levantar da cadeira, o abrir cada uma um guarda-chuva e o adeus.


Em cada história de cada pessoa há sempre outras pessoas. 

As pessoas, como o tempo, passam. As pessoas ocupam nosso tempo. Pessoas que passam não devem ter mais tempo. Nosso. A gastar.


Por isso, sem nenhum motivo maior, estou escrevendo para dizer que o tempo pra nós acabou. 


Não me escreva nem releia esta carta. 

Ela pertence ao passado.

O passado não existe.

Nem eu. Nem você.

2 comentários:

Anônimo disse...

Inspirador essa poesia/poema...sei lá como chamar...

A parte referente as pessoas, digamos, é bem verdade! É o que se faz, fazemos todos os dias.

Bacana mesmo.

Att,
L.

Aichego disse...

Obrigada.