Ela me fez esperar o dia
o dia inteiro
Disse que hoje a noite
era minha
A noite
O dia
eu não tenho
O dia inteiro
espero
Deixando para depois
o dia
Adiando
a fantasia
Ela disse
que a noite
era minha
que à noite
era minha
A noite chega
num repente infinito
um minuto depois
do outro
escorrendo
pela porta
fechada
Cruz do relógio digital
a porta é o pedestal
onde me ajoelho
e peço à deus
paciência
e peço à deus
que na noite chegue
e peço à deus
que não chegue
a noite
Pois
a violência da Espera
também esconde certos prazeres
Os minutos
enfileiram-se um dois
cinco quatro três
e nada
a noite vem
e nada
a lua nasce
e nada dela
e a espera
insuportável
Espero à porta
eu e o relógio
que não bate as horas
seja porque
não passam
seja porque
é frio
O relógio digital
sem som
sem tic tac
das horas
Há horas
que espero
e nada
E ela?
A noite chega
e passa
e nada dela
e nada
Dela
o tempo não passa
passa lento
passa de repente
de repente já é
Dia
E nada dela
E nada
Dela
nunca mais
Nada dela
Nem o nome
Sei mais
Não sei
Mas... a espera
É ela
Nada mais
Bárbara Nunes (junho2008)
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